Irmã Maria do Paraíso
Irmã Maria Mildner viveu o ideal do verdadeiro serviço cristão em nossa cidade durante mais de quarenta anos em total disponibilidade ao nosso povo e, de modo especial, aos mais pobres, doentes e excluídos. Com seu amável sorriso e o sotaque de filha de imigrantes alemães, como Maria, a Mãe de Jesus, estava sempre pronta a dizer “sim” aos projetos de Deus. Seu espírito de caridade cristã superava todo e qualquer obstáculo na missão de servir, por sinal o lema de sua congregação, a Ordem de Santa Úrsula.
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Capa do livro escrito em sua homenagem |
Em
sua aparente fragilidade física, tinha a força interior dos santos, que
superava o medo, o preconceito ou a discriminação, ao prestar atendimento aos
hansenianos, que, na época em que aqui chegou, fevereiro de 1965, tinham
praticamente só nela o anjo bom que ia
até eles para curar-lhes as feridas, não somente as do corpo,
mas também as produzidas na alma pelo sentimento de segregação e isolamento.
Irmã
Maria doava-se sem reservas à causa dos mais pobres e sofridos, não apenas para
saciar-lhes a fome com as refeições que lhes oferecia ou as cestas básicas que
conseguia para eles; ela procurava que crianças, jovens e adultos aprendessem
algo, de acordo com suas aptidões, para obterem, pela capacidade própria, o seu
sustento e se sentissem felizes com maior estima por si mesmos.
Sua
obra iniciou-se sob a sombra de uma árvore, onde orientava, evangelizava e
ensinava os mais humildes. Depois, graças à boa vontade do proprietário,
alojou-se, num barracão, que mais tarde adquiriu, adaptou e ampliou para ser a
sede da Escola Doméstica “Maria Mãe da Igreja”, lugar da partilha e do encontro
de todos que a procuravam: ricos, remediados e, principalmente, os pobres.
Para
comprar aquele barracão, não conseguiu ajuda do Poder Público, que, à época,
não dispunha de recursos para auxiliá-la. Tinha prazo para entregar o imóvel;
caso não conseguisse a quantia necessária, que não era pequena para quem nada
possuía de seu. Não desanimou. Com muita confiança em Deus, saiu de porta em
porta, diariamente, pedindo ajuda. Depois de muitas caminhadas, algumas sem
êxito, ela finalmente conseguiu o valor necessário.
Ganhou um fusquinha, que
ela mesma dirigia, para falar de Deus, presidir celebrações, distribuir a
Eucaristia, confortar os doentes na cidade, nos bairros rurais e municípios vizinhos. Só parou
quando não foi mais possível devido às limitações que a perda da saúde lhe
impôs.
Irmã Maria deixa para nós a herança da fé
comprometida, da caridade vivenciada, do carinho para com todos, do amor
incondicional a Deus, da consagração de uma vida toda ao ideal cristão, da
certeza da Ressurreição que já alcançou.
Irmã Maria, a Irmã Maria do Paraíso, será
sempre uma referência inesquecível para todos os cristãos e pessoas de todas as
crenças que a conheceram. E nós, que temos a graça do dom da fé, sabemos que,
junto de Deus, na plenitude da verdadeira felicidade, Irmã Maria intercede por
todos e por cada um, por suas irmãs ursulinas, pelos seus familiares e por
nossa paróquia. Isso nos conforta e ameniza a dor da separação e da saudade!
Luiz Gonzaga da Rosa
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